Pular para o conteúdo principal

Mãe: Senhora Amada e Protetora

Todos os estatutos, nas diferentes áreas societárias, têm a sua relativa importância, hierarquizando-se, por vezes, um conjunto, mais ou menos vasto, nos diversos contextos da vida: pessoal, familiar, social, cultural, político, religioso, social, empresarial, entre muitos outros, todavia, colocar, no topo da pirâmide, a condição de Mãe, parece não ser preocupação de maior, muito embora se estabeleça um dia, apenas um, no ano, para recordar a detentora do mais elevado estatuto, a par do pai que, numa sociedade culta e ciente dos seus valores, certamente, festeja.
A fixação de “Dias”: nacionais, internacionais e/ou mundiais, vem sendo uma prática corrente e, poder-se-á afirmar que, praticamente, cada dia do ano, tem um simbolismo específico, que alude a um acontecimento, a uma figura, ou à descoberta de uma solução para uma determinada situação, ou ainda, às ciências e às diversas atividades humanas, como por exemplo, os “Dias” alegóricos: ao Trabalhador, à Filosofia, à Música, entre outros pelo meio, para chegarmos ao “Dia da Mãe” que, na circunstância, é o que mais importa na presente reflexão.
Quando nos referimos às mães em geral e, particularmente, à nossa Mãe, seguramente que nos invade um profundo sentimento de amor, um carinho sem limites e um imenso respeito, de resto, é a atitude responsável, mas também de gratidão, que devemos manifestar, perante e para com aquela Mulher que, para nos defender, seria capaz de dar a própria vida.

O “Dia da Mãe”: para muitas pessoas, até passa despercebido; para outras, é mais um dia em que os órgãos da comunicação social dão algum destaque; e para outras, é um dia que dedicam à Mãe, com algum convívio, uma possível “prendinha” e, finalmente, há aquelas pessoas que, realmente, este dia apenas culmina outros trezentos e sessenta e quatro de amor, de dedicação e carinho à sua Mãe, não lhes sendo necessário este dia para mostrar que amam aquela que lhes deu a vida.
A condição de Mãe, contudo, por si só, é superior a quaisquer iniciativas para atribuir à “Mulher-Mãe” um dia por ano, para ser recordada, sendo certo que de nada vale tal evento, cerimônias alusivas, discursos muito bem elaborados, com grande eloquência, se depois, ao longo do ano, essa mesma Mãe não tem recursos mínimos para alimentar, educar, agasalhar e proteger os seus filhos.
Quando se interroga uma pessoa, sobre o que pensa, o que faz, o que deseja, relativamente à sua Mãe, as respostas, invariavelmente, e na sua maioria, vão no sentido de se defender o melhor do mundo para a ela, de revelar que se ama aquela Mulher, como a nenhuma outra, e que ela representa o que de melhor pode haver no universo, para aqueles filhos. Claro que não se duvida que ter a Mãe como nossa protetora, confidente e companheira, será o máximo a que talvez possamos (e devamos) aspirar.

Apesar do estatuto de Mãe, provavelmente, entre muitos outros, ser o mais sublime e dignificante para a Mulher, convém não ignorar que, nem todas as mães (como nem todos os filhos), poderão ser motivo de tão distinta honra, porque também existem aquelas (felizmente muito poucas, que são a exceção) que, perante um conjunto de alegadas “razões”, abandonam os seus filhos e, no limite extremo, talvez no desespero, de uma situação complexa, os abandonam ou assassinam.
A verdade, porém, é que descontadas aquelas terríveis exceções, a mãe é um fator de estabilidade, de fiel da balança, de moderadora no seio da família, assumindo-se, carinhosamente, como a defensora dos filhos e até do marido, quando a razão está de um dos lados, admitindo-se que, por vezes, se incline um bocadinho mais, na defesa dos filhos, principalmente, dos mais frágeis, o que até é bem compreendido pelo marido, especialmente, quando este ama, sem reservas a esposa e os filhos, quando a coesão, o amor, o respeito e a felicidade da família, são valores consistentes e a preservar.
A família tem sido, ao longo da História da Humanidade, a base fundamental para a constituição e organização da sociedade, por isso se faz, em algumas circunstâncias, como que uma analogia, no sentido de qualificar o tecido societário, em função das famílias que o integram, ou seja: os princípios, valores e sentimentos, experienciados no seio das famílias, passam para a sociedade, muito embora aqueles, a partir das suas instituições, desde logo a Igreja, a escola, a empresa, os meios de comunicação social, também exerçam forte influência nas famílias.

É por isso que o papel da Mãe é tão importante, e como cada vez mais se torna necessário que ela esteja bem preparada, para transmitir aos seus filhos, não só os bons exemplos dos valores da: honradez, reputação, dignidade; como também toda uma arquitetura axiológica, compatível com uma cultura fortemente humanista.
E se o casal – Mãe e Pai – são fundamentais na criação e encaminhamento dos filhos, na preparação para eles enfrentarem os muitos obstáculos que a vida lhes vai colocar, não há dúvida que a Mãe terá, quase sempre, uma grande influência na educação dos filhos, o mesmo é dizer, na construção de uma nova sociedade, mais humana, tolerante, moderadora, justa e segura.
Para além das muitas outras funções, que a Mulher vem desempenhando: na família, no trabalho, na sociedade, nas instituições, é indispensável que esta dimensão materna a eleve a um nível máximo, porque ela, com todas as suas qualidades, que são imensas, é dotada de uma espécie de sexto sentido, de pressentimentos que, muitas vezes, acabam por se confirmar: para o bem; ou para o mal, ela que tem uma capacidade infinita de amar, de sofrer; ela que é única e insubstituível; ela que é o símbolo da proteção, do amor e da felicidade No “Dia da Mãe”, quantos filhos suspiram de saudade, de dor e de sofrimento por já não a terem fisicamente? Quantas Mães, identicamente, vivem em total nostalgia, sofrendo e deplorando a perda de um filho? Esta dimensão, avassaladoramente amorosa de
uma Mãe, não é equiparável a nenhuma outra situação, por isso a obrigação moral de todos os filhos, é tudo fazerem para darem o melhor às suas mães.
É importante comemorar, uma vez por ano o “Dia da Mãe”, dedicar-lhe um pouco de tempo, para com ela partilharmos o nosso amor e ela, igualmente connosco, mas seria muito mais significativo e justo, se dedicássemos às nossas mães trezentos e sessenta e cinco dias todos os anos, sempre com maior empenho, dedicação e apoio ao seu bem-estar.

Ela, a Mãe Querida que pelos seus filhos é capaz de dar a vida, deve ser amada em todos os seus inúmeros papéis, porque antes de ser Mãe: foi, é e será sempre Mulher, com imensas faculdades, as quais coloca ao serviço da família e da construção de uma sociedade e de uma humanidade culta e feliz.
É claro que a Mãe, tal como o Pai, sejam biológicos, ou adotivos, construindo uma família natural, desempenham e têm papéis relativamente difíceis, nestes tempos conturbados, onde as dificuldades, de vária ordem, impedem, muitas vezes, que a Mãe tenha condições materiais para criar os filhos, como moral, legal e legitimamente eles merecem, e têm direito, mas, ainda assim, ela faz autênticos “milagres”, para que nada lhes falte.
Hoje, como todos os anos neste dia, é o “Dia da Mãe”, daquela Mulher que durante muitos meses carregou, amorosa e cuidadosamente connosco no seu ventre, por vezes sofrendo psicológica e fisicamente, mas, simultaneamente, vivendo feliz, alegre e realizada, porque ser Mãe é o desejo supremo que a maioria das Mulheres pretende concretizar. Por tudo isto, preservemos, respeitemos e amemos as nossas Mães porque elas são únicas e infalsificáveis.

Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo
Presidente do Núcleo Académico de Letras e Artes de Portugal
http://nalap.org/
http://nalap.org/Directoria.aspx

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Natal com «Amor-de-Amigo»

 Chegou o tempo de banirmos, irreversivelmente, ódios, vinganças, obscurantismo, fome, guerras e a morte resultante daqueles «sentimentos» e situações. Está na hora da inversão de tudo quanto é indigno para o ser humano, a começar em cada um de nós, até para connosco próprios. É tempo de dar voz ao «tribunal» da nossa consciência, porque é o único que nos julga imparcialmente, mesmo que, depois, não tenhamos a coragem de cumprir a «pena» ou seguir os seus conselhos. Mas, é claro que: todos os dias precisariam de ser Natal; todos os dias deveríamos refletir na vida e na morte; na nossa origem, mas também no nosso destino; no que fazemos e no que deveríamos fazer; pensarmos que a vida é efémera; que não somos os donos do mundo, nem da verdade, nem da vida de ninguém, nem sequer da nossa própria existência. De Onde Vimos? Quem Somos? Para Onde Vamos? Independentemente das nossas convicções políticas, filosóficas, religiosas ou outras, a verdade é que não nos conhecemos suficientemente bem

Ditaduras: Regimes cruéis e desumanos

O período ditatorial, em Portugal, conduziu o país a guerras fratricidas com os povos africanos, porque no Brasil o processo de emancipação, foi bem diferente e, a independência desta ex-colónia, foi relativamente pacifica. Os governantes Portugueses,  desse período negro da História de Portugal, obcecados pelo domínio colonial, não quiseram aprender com os bons exemplos dados por outros países colonizadores que, rapidamente, compreenderam a justeza das reivindicações dos povos colonizados, materializadas no seu direito à autonomia. A perseguição, repressão e punição dos cidadãos Portugueses, que se assumiam contra o regime ditatorial, era permanente, a polícia política, coadjuvada por um “batalhão” de colaboradores (então denominados, na gíria popular, por “bufos”), não tinha “mãos a medir”, os julgamentos sumários, as prisões arbitrárias e desterros eram o “pão-nosso de cada dia”. Quantas pessoas foram, severa e cruelmente, torturadas por se oporem ao regime? Quantos jovens e adultos

Páscoa: Esperança que Renasce

No âmbito da cultura religiosa cristã, esta festa móvel que se designa por Páscoa, tem longa tradição, principalmente nas aldeias portuguesas, nas quais e no dia previamente estabelecido, pelas entidades competentes, as populações convergem, com devoção, crença e alegria, para as cerimônias específicas, porque segundo os cânones do cristianismo, o evento significa a “Ressurreição de Cristo”. Este tempo que os cristãos-católicos vivenciam, inicia-se com um período de “luto”, que se prolonga durante quarenta dias, imediatamente, a partir da terça-feira de Carnaval e culminado no “Domingo da Ressurreição”, dia totalmente consagrado à alegria de experienciar a libertação de Jesus Cristo do túmulo, para onde teria sido conduzido após a sua morte na Cruz, na sexta-feira da paixão, conforme rezam os documentos sagrados. A Páscoa é, também, um tempo de confraternização, de reunião da família, não tanto no conceito e espírito que é vivido, por exemplo, no Natal, (nascimento de Jesus Cristo) mas