Como premissa maior, parte-se do princípio segundo o qual, gerir pessoas é totalmente diferente, mais difícil, complexo e imprevisível, do que gerir coisas, outros animais, bens, situações do âmbito das ciências exatas e da técnica (nestas, praticamente, tudo é previsível, reversível, observável, experimentável e quantitativamente avaliado).
Gerir pessoas implica, desde logo, saber gerir-se a si próprio, é um pouco como governar uma instituição, um país, porque quem não sabe governar a sua vida, como vai fazê-lo em relação à vida dos seus semelhantes? (Cabe aqui um espaço para se refletir acerca dos critérios utilizados para a escolha dos políticos, governantes, gestores e para atividades similares).
Uma primeira regra, para o gestor, poderá fundar-se na consideração e respeito que ele deve ter para com as pessoas que está a gerir, quaisquer que sejam as funções, desde o recepcionista ao diretor de um qualquer departamento, todas estas pessoas têm a mesma dignidade e qualquer delas, nas suas funções, poderá ser tão competente como qualquer outra, em funções superiores, iguais ou subalternas, naturalmente, no sentido hierárquico-funcional.
Esta primeira regra não pode, em nenhuma circunstância, ignorar que: «O conceito de dignidade individual é importante e não pode ser esquecido na definição dos objetivos e dos programas para os implementar. (…). Não podemos, no entanto, tentar compreender as pessoas só através da observação comportamental ou científica.
A questão é bastante mais complexa.» (AMARAL, 1996:80.81). A pessoa humana é o recurso natural e mais valioso que qualquer instituição pode ter como capital produtivo e, multiplamente, reembolsável, todavia é um bem com o qual é necessário saber lidar, na medida em que apresenta características que nenhum outro recurso possui, objetivamente: capacidades intelectuais, emocionais, comunicacionais, sentimentos, sensações psicológicas, físicas, e motoras; objetivos e regras; princípios e valores; deveres e direitos, mas também limitações, fracassos, defeitos e uma necessidade permanente de formação, atualização e educação.
A pessoa humana, na sua dignidade, é insuscetível de programação prévia, de automação técnica, de substituição parcial orgânica. Além disso, pressupõe uma relação com o gestor que obedece a regras específicas e extremamente complexas, não só no local do trabalho, mas desejavelmente, em todas as circunstâncias.
O gestor, dirigente ou superior hierárquico, não pode utilizar este recurso através de um qualquer manual de instruções, embora se possa aceitar, como um equivalente a este, um conjunto muito vasto de procedimentos permanentes, em diversos contextos: no trabalho e em todas as restantes situações que envolvem o ser humano, cada um dos quais, objeto de um tratamento adequado, porém, sempre com boas-práticas de relacionamento humano.
Com efeito: «(…) boas maneiras e educação são essenciais para um bom ambiente de trabalho. Duvido que alguém se sinta bem a trabalhar num ambiente onde as pessoas são mal-educadas, digam impropérios umas às outras ou onde o falar alto seja uma constante. (…) a educação e boas-maneiras não são unidirecionais, isto é, dos seus colaboradores para si. Na verdade, trata-se de algo bidirecional e, mais importante, se exigimos que nos tratem com educação, deveremos ser nós próprios a dar o exemplo.» (ALMEIDA, 1999:22).
A atividade de gerir e lidar pessoas não deveria ser exercida por quem não tem condições específicas para tal, de entre as quais se podem destacar todas aquelas que possuem uma boa educação e formação, para reconhecer as diversas dimensões do ser humano.
Implica para o gestor, e/ou líder, qualidades humanas como: o respeito, envolvendo estima, consideração e, até, amizade; a compreensão, pressupondo entender as várias dificuldades, profissionais, sociais, familiares do subordinado; a solidariedade, enquanto adesão às situações difíceis que afetam a pessoa, independentemente da sua posição de empregado ou patrão; justiça, aqui tomada no seu sentido de equidade, recompensa, elogio público e crítica construtiva em privado; valores, de rigor, transparência, frontalidade, verdade, idoneidade, espírito de missão e cultura da instituição; princípios, de boas-práticas, competência, assiduidade, responsabilidade e atualização permanente.
O gestor, e/ou líder, tem de ser o espelho onde todos os seus colaboradores se possam rever, com orgulho e como exemplo a seguir, porque pode-se conceptualizar a gestão a partir dos respetivos objetivos e defini-la como: «Um processo que visa obter resultados através de uma melhor utilização dos recursos humanos, financeiros e materiais à disposição da organização e de cada gestor. Por outro lado, a gestão preconiza acrescentar valor a esses recursos, sendo que este valor acrescentado depende da competência e do compromisso das pessoas e responsáveis pela gestão do negócio. No centro de todo o processo, sempre está a pessoa humana, o mais valioso recurso natural, o mais rentável, o mais sensível e complexo.» (ARMSTRONG, 2005:3).
Bibliografia
ALMEIDA, Fernando Neves de, (1999). O Gestor. A arte de Liderar. 2ª Ed. Lisboa: Editorial Presença.
AMARAL, Maria do Céu. (1996). Gerir: Ciência e Arte. Lisboa: IEFP – Instituto do Emprego e Formação Profissional/Departamento de Formação Profissional
ARMSTRONG, Michael (2005). Como ser Ainda Melhor Gestor. Guia completo de técnicas e competências essenciais. Tradução, Geraldine Correia e Raquel Santos. Lisboa: Actual Editora
Venade/Caminha – Portugal, 2020
Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo
Presidente do Núcleo Académico de Letras e Artes de Portugal
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